Usar e não ser usado pela tecnologia.
Esta premissa é o mote para, a que considero ser, a melhor abordagem perante toda a matéria de discussão sobre o ChatGPT.
Em Assessoria de Imprensa, em consultoria de comunicação, mas sobretudo na vida, podemos e devemos recorrer a ferramentas que acrescentem valor às ações que desempenhamos.
A relação com os órgãos de comunicação social é uma das principais áreas de atuação de um Assessor de Imprensa. É também da sua responsabilidade aconselhar, planear e executar estratégias de comunicação, devidamente integradas no contexto setorial, social, mediático e político.
Este exercício de funções está assente em dois domínios importantes: o contexto que nos envolve e a estratégia que norteia o cumprimento dos objetivos propostos.
É precisamente a partir deste ponto que vislumbramos as limitações do ChatGPT.
As ferramentas de inteligência artificial não têm a capacidade de considerar o detalhe e pormenor que cada cliente merece, desde as suas exigências até a questões sensíveis que não podemos nunca desconsiderar.
O ChatGPT é totalmente desprovido de Know-How para, por exemplo, apresentar ideias originais que alavanquem a reputação ou vendas de uma marca ou de gerir um momento de risco e crise, uma vez que a plataforma se baseia unicamente em ideias e informações já existentes na internet.
Por isso mesmo, em Assessoria de Imprensa recorrer em absoluto a um chatbot é o perfeito oposto de pensamento estratégico.
Para publicar este artigo com conhecimento de causa explorei a plataforma e pedi que elaborasse um comunicado de imprensa, o tipo de conteúdo que mais regularmente expedimos para jornalistas.
De imediato comprovei tudo o que expus acima, mas constatei igualmente algumas mais valias da aplicação: a rapidez com que partilhou a resposta à minha solicitação e o facto de ser acessível a qualquer hora do dia, em qualquer lugar do mundo. Ainda assim, a pertinência do conteúdo foi residual, precisamente por não atender a pormenores contextuais determinantes, e a forma sugerida foi totalmente desajustada à que se pretende para efeitos de redação de um comunicado de imprensa.
O ChatGPT pode, talvez, em certos casos, servir de auxílio suplementar que fornece informações de forma rápida e abrangente em poucos segundos, resolvendo possíveis dúvidas ou ausências de conhecimento sobre algo, mas não poderá nunca igualar o humanismo e valências sociais indispensáveis à nossa função.
A Assessoria de Imprensa tem na sua génese uma enorme consideração por tudo o que substanciam os conceitos de contexto, estratégia e conhecimento mediático. O acompanhamento diário da realidade – pessoas, comunicação social, empresas, entidades e governo – aliados ao conhecimento e experiência em gerar valor a partir de oportunidades de comunicação garantem o sucesso das entidades que representamos.
Além de não ter conseguido redigir este artigo de opinião, o ChatGPT é igualmente incapaz de substituir um Assessor de Imprensa.