Doença valvular cardíaca

Doença valvular cardíaca: A idade pesa no coração

Artigo de Opinião de Rui Campante Teles, coordenador nacional da iniciativa Valve For Life/Corações de Amanhã, da APIC

O processo natural de envelhecimento exige que se adotem cuidados redobrados na saúde e o coração não pode ficar na lista de espera. Estima-se que uma em cada oito pessoas com mais de 75 anos sofra de doença valvular cardíaca, o que significa que com o passar do tempo não se pode ficar indiferente aos sinais do sistema circulatório.

Doença Valvular Cardíaca

A doença valvular cardíaca incide nas quatro válvulas do coração (tricúspide, pulmonar, mitral e aórtica), elementos responsáveis pela passagem ou não do sangue para o interior do coração. Com a presença de fatores de risco como a idade, fatores genéticos, tabagismo, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes e alguns tipos de infeções, a funcionalidade das válvulas vai deteriorando-se, afetando o fluxo sanguíneo do coração.

No caso da estenose aórtica, a doença mais comum das válvulas do coração, a válvula aórtica fica mais estreita, deixando de fazer a abertura completa, o que se traduz num impedimento do fluxo normal do sangue da região do ventrículo esquerdo para a artéria aorta. Como consequência, a função da saída do sangue do coração fica condicionada, colocando a vida do doente sob ameaça.

A insuficiência mitral, merece igual destaque por ser a segunda principal causa de intervenção valvular nos países europeus. Neste caso, a válvula mitral, responsável pela passagem de sangue da aurícula esquerda para o ventrículo direto, sem que o sangue volte para trás quando está a ser bombardeado para o resto do corpo, deixa de funcionar na plenitude. Como consequência, existe uma fuga de sangue (regurgitação) do ventrículo para a aurícula, no sentido contrário ao do fluxo normal, o que resulta numa menor quantidade de sangue em circulação e que a pressão do sangue nas veias pulmonares aumente.

Para avaliar a possibilidade de desenvolver um problema deste cariz, comece por estar atento a sintomas como fadiga, dor no peito, palpitações, desmaios e inchaço, em regiões como as pernas. Na presença de algum destes indícios, deve proceder a uma avaliação médica, cujo diagnóstico é efetuado recorrendo a meios de auscultação e ecografia com doppler, e, numa fase de confirmação, através de cateterismo cardíaco.

No Dia dos Avós olhe pela saúde dos mais velhos

Ao ser detetada uma doença valvular cardíaca, deve ser prescrita a toma de medicação, podendo ainda ser necessário optar por métodos de reparação ou através do implante de uma nova válvula cardíaca, a prótese, que atualmente é possível através de procedimentos minimamente invasivos, via cateter, uma alternativa cada vez mais frequente em relação às cirurgias cardíacas.

Nas situações devidamente acompanhadas e controladas, é possível viver normalmente, desde que se privilegiem rotinas saudáveis, que não agravem a patologia, através de uma alimentação regrada, pobre em sal, e da prática regular de exercício físico. Salienta-se ainda a importância de realizar avaliações de rotina, em particular nos seniores.

Neste Dia dos Avós, a missão do dia é que esteja atento aos membros mais idosos da sua família e comunidade. Garanta que esta população não falta às consultas periódicas e que está ciente dos sintomas de alerta e comorbilidades existentes. Lembre-se que a preocupação com quem o rodeia pode prolongar vidas, especialmente quando a idade já pesa no coração.

Gostou deste artigo? Partilhe com a sua comunidade!