O Dia Mundial da Saúde Mental assinala-se, anualmente, a 10 de outubro. Este dia pretende alertar para a importância desta doença, de forma a combater o preconceito e o estigma associado à saúde psicológica. Nunca se falou tanto da importância da saúde mental como agora, sobretudo devido ao surgimento da pandemia.
Esta preocupação rapidamente se propagou para o mundo laboral, nomeadamente no que diz respeito às novas formas de trabalho e ao modo como as mesmas interferem no bem-estar dos colaboradores. Desde 2020 que os colaboradores foram obrigados a alterar a forma de trabalhar, sobretudo no que ao local de trabalho diz respeito. De facto, para muitas pessoas, o teletrabalho tornou-se um pesadelo, enquanto que para outras trouxe uma maior liberdade e comodismo. Atualmente, são cada vez mais os trabalhadores que exigem um equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional, para que a saúde mental não seja afetada e, consequentemente, para que o rendimento laboral seja maior.
De facto, a segurança e o bem-estar psicológico estão associados a níveis mais elevados de produtividade.
Mas, afinal, o que é a saúde mental?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde mental é um estado de bem-estar em que o indivíduo é capaz de usar as suas próprias habilidades, recuperar naturalmente do stress, ser produtivo e contribuir positivamente para a comunidade, estando implicado muito mais do que a ausência de doenças mentais.
Associado ao trabalho, segundo a mesma fonte, as situações de competição são as principais causas de stress. Além disso, a (des)organização do trabalho, a falta de comunicação entre colegas, o aumento do ritmo de trabalho, a exigência crescente de produtividade, e a simples ação de “não desligar”, também são fatores que podem comprometer a saúde dos trabalhadores.
Para que tal não aconteça e haja equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, é favorável que dentro do próprio local de trabalho, os colaboradores tenham apoio por parte de um profissional de saúde, para que possam ser orientados da melhor forma, e devem, também, ser instruídos a reconhecer os sinais de cansaço, ansiedade e burnout. Este último, definido pela OMS como estado de esgotamento físico e mental causado pelo exercício de uma atividade profissional, é uma realidade de muitos portugueses.
Efetivamente, Portugal ocupa o primeiro lugar no risco de burnout, na União Europeia. Dos principais países com maior risco de burnout, o nosso país tem uma das semanas de trabalho mais longas (39,5 horas) e um dos salários anuais mais baixos (22.373 euros).
Assim sendo existem algumas medidas a nível organizacional que visam promover e proteger a saúde mental dos colaboradores, tais como:
· Desenvolver um ambiente de trabalho que fomente a saúde e bem-estar de todos;
· Identificar os fatores de risco no local de trabalho;
· Apostar em horários de trabalho flexíveis;
· Melhorar a comunicação entre colegas e entre colaborador e empregador;
· Garantir recompensas e reconhecimento pelo bom trabalho;
· Apostar numa relação mais pessoal e informal;
· Questionar os colaboradores acerca do que consideram que deva ser melhorado;
· Garantir oportunidades de progressão de carreiras.
No entanto, para que estas medidas tenham efeito efetivo, também é necessário que o próprio colaborador tome medidas a nível individual. Alterar a carga de trabalho, saber separar a vida profissional da vida pessoal, ficar completamente off durante as férias, ter formação em gestão de tempo e gestão de stress, e comunicar ao empregador quando se sente sobrecarregado, são algumas iniciativas que devem partir da própria pessoa.
Quando todas medidas não forem suficientes, é perentório que seja consultado um profissional de saúde, que preste apoio psicológico. Não existe saúde sem saúde mental.
Hoje, no Dia Mundial da Saúde Mental, mais do que nunca, é preciso promover a saúde mental dos portugueses.