No contexto do setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção do suicídio, é fundamental refletir sobre o papel da comunicação na abordagem deste tema delicado. A forma como o suicídio é noticiado pode influenciar a perceção pública e, por consequência, a saúde mental dos leitores e espectadores.
Num período em que a saúde mental é cada vez mais valorizada, os meios de comunicação desempenham um papel crucial na transmissão de informações seguras. As redes sociais, em particular, tornaram-se plataformas de comunicação tão influentes quanto os media tradicionais, e com esse poder vem uma responsabilidade partilhada por todos: comunicar o suicídio com sensibilidade e precisão.
Cuidados ao noticiar mortes por suicídio
A comunicação eficaz e cuidadosa sobre a morte por suicídio exige a adoção de práticas preventivas que dinamizem potenciais danos. Entre elas estão:
- Não descrever o método usado em detalhe;
- Não fornecer detalhes sobre o local — especialmente em casos de figuras públicas, já que os estudos apontam para uma possível popularização desses espaços;
- Não usar fotografias, vídeos ou links que se relacionam com as circunstâncias do suicídio;
- Não usar títulos sensacionalistas;
- Não normalizar, glorificar ou romantizar o suicídio;
- Não apresentar o suicídio como a única alternativa às adversidades;
- Não atribuir culpas e não identificar culpados;
- Não usar os termos “suicídio bem-sucedido”, “tentativa falhada de suicídio” ou “malsucedida”, por implicarem que a morte é o efeito desejado;
- Não usar o termo “cometeu suicídio”, pela sua possível associação à prática de um crime;
- Não divulgar as notas de suicídio.
Recomendações para uma Comunicação responsável
Uma abordagem consciente e preventiva pode fazer a diferença na forma como o público entende o tema. Por isso, recomenda-se:
- Tratar o suicídio como uma questão de saúde pública, não de polícia. Esta mudança de perspetiva no tratamento da notícia pode ajudar a sensibilizar os leitores/ouvintes sobre o assunto;
- Educar a população sobre os factos do suicídio e a sua prevenção, sem propagar mitos;
- Esclarecer que os fatores contribuidores para o suicídio são complexos, multifatoriais e muitas vezes não totalmente compreendidos;
- Fornecer informação fidedigna e acessível sobre onde procurar ajuda e como o fazer: através de linhas de apoio, centros de saúde e serviços locais de saúde mental;
- Reconhecer que os próprios jornalistas podem ficar afetados quando reportam sobre o suicídio, deve ser assegurada a discussão aberta e o apoio entre pares;
- Esclarecer as consequências do ato em si, seja na forma de danos físicos e mentais permanentes (no caso de tentativa não consumada), seja no impacto que provoca na família e amigos.
Ao seguir estas recomendações, comunicadores, jornalistas e utilizadores de redes sociais podem desempenhar um papel vital na prevenção do suicídio e na promoção da saúde mental. Uma comunicação responsável evita danos, combate o estigma e oferece apoio a quem precisa. Dessa forma, conseguimos não só informar, mas também sensibilizar e salvar vidas, com empatia, cuidado e atenção.
Para mais informações, consulte o manual “Prevenção do Suicídio: Manual para Jornalistas”, disponível no seguinte link: https://saudemental.min-saude.pt/wp-content/uploads/2020/09/02LIVRO_PREV_SUIC_JORNALISTAS08092020_compressed.pdf
Linhas de apoio
- Apoio emocional e prevenção do suicídio
- SOS Voz Amiga (entre as 16 e as 24h00) : Tel.: 21 354 45 45 / Tel.: 91 280 26 69/Tel.: 96 352 46 60
- Conversa Amiga (das 15h às 22h): Tel.: 808 237 327/Tel.: 210 027 159
- SOS Estudante (das 20h à 01h): Tel.: 239 48 40 20
- Linha LUA (das 21h à 01h): Tel.: 800 208 448
- Telefone da Esperança (das 20h às 23h): Tel.: 22 208 07 07
- Telefone da Amizade (das 20h às 23h): Tel.: 22 208 07 07
- Voz de Apoio (das 21h às 24h) Tel.: 22 550 60 70
- SOS Adolescente Tel.: 800 237 327