Este artigo foi escrito por Liliana Silva, produtora de conteúdos na Miligrama.
Spoiler alert: Este texto não foi escrito pela Inteligência Artificial. Ou será que foi?
A Inteligência Artificial (IA) está nas bocas do mundo. Há quem a considere a maior invenção da humanidade ou o primeiro passo para a aniquilação, talvez por influência dos grandes êxitos Hollywood. Contudo, o mais sensato é ser realista, colocar os pés assentes no chão e analisar as repercussões na atualidade, começando pelas mudanças que acontecem nos nossos pequenos ecrãs, mais concretamente nas redes sociais.
Em primeiro lugar, é altura de aceitar que a privacidade a que estávamos habituados é algo do passado e que do ponto de vista comunicacional isso pode ser bastante vantajoso. Com a IA, os algoritmos de recomendação analisam o comportamento dos utilizadores, criando assim feeds personalizados com conteúdos e anúncios publicitários de acordo com os interesses e comportamentos de cada um de nós, o que constitui a fórmula perfeita para tornar as redes sociais aditivas, onde a tendência é que o scroll diário continue a aumentar todos os dias. Quilómetro a quilómetro.
Agora que temos na mão um público convertido às redes sociais, assim como múltiplas plataformas que recorrem a métricas e KPIs que nos permitem identificar a evolução das nossas estratégias, o mais sensato é começar a prever o desempenho, para que não sejamos ultrapassados pela concorrência.
Para isto, podemos também recorrer à IA para criar e aperfeiçoar conteúdos, segmentando-os para o público-alvo de uma forma automatizada e que permite otimizar recursos e custos operacionais. Contudo, é de frisar que a IA não é perfeita e a criatividade do produtor de conteúdos continua a ser um fator diferencial, que apenas “ganha asas” com os benefícios da tecnologia.
Do ponto de vista técnico isto pode constituir um desafio, especialmente tendo em conta a infinitude de ferramentas que o gestor e produtor de conteúdos tem acesso. É, portanto, necessário formar e capacitar os profissionais da área da comunicação para que não fiquem desatualizados e possam criar soluções inovadoras. Além disso, toda a questão ética e de responsabilidade social da operacionalização da IA é um tema recente no debate público e na própria legislação, o que exige um determinado grau de familiarização com as regulamentações de privacidade, especialmente no uso dos dados recolhidos.
Posto isto, entre cliques e likes, navegamos num mar de possibilidades onde a IA é mais do que apenas bits e bytes. É um verdadeiro robô mestre, mas que não deve ser encarado como um adversário a ser temido, mas sim um aliado que pode transformar a nossa pegada digital num sucesso “algorítmico”.